Enviado por admin em sex, 05/16/2014 - 12:24
Português, Brasil

Entrevista com o coordenador geral do projeto Macrozoneamento, professor Roberto Luís de Melo Monte-Mór

inMetro_O que permite afirmar que a região metropolitana de Belo Horizonte precisa ser repensada?
RMM_ A região metropolitana vem sofrendo muitas alterações. Hoje, a população das 33 cidades do entorno tem mais gente do que Belo Horizonte. Ou seja, temos várias dinâmicas em paralelo, um processo com tendência de descentralização. Belo Horizonte não cresce mais e o que está ao redor passa a abrigar novas atividades, novas necessidades. Dentro desse contexto surgem muitos conflitos. Em certos locais, os problemas urbanos deixam de ser apenas de uma cidade, mas de municípios
interligados e do Estado. É por isso que é preciso se pensar na questão da mobilidade urbana, nos problemas ambientais, no desenvolvimento econômico e social de toda a região metropolitana.

inMetro_Por ser extensa, a região metropolitana tem locais com características diferentes uns dos outros. A diversidade geográfica e econômica é levada em consideração no Macrozoneamento?
RMM_ É verdade. Temos o encontro de pelo menos três grandes regiões. Uma delas é o quadrilátero ferrífero, que abrange os municípios de Sabará, Santa Bárbara, Mariana, Congonhas, Ouro Preto, dentre outros. O foco nestes locais é a produção de ferro e manganês. Também temos a subida para o Planalto Central, que vai a Sete Lagoas, Norte e Nordeste. E temos o mar de morros e a depressão belo-horizontina, que vai em direção a São Paulo e que produz mais brita e areia. Como a região
metropolitana está em uma área de mineração intensificada e diversa, aparecem muitos conflitos. Também tem a questão dos recursos hídricos e a questão ambiental que está ganhando força cada vez maior, justamente por causa de tantas áreas minerárias. Temos que acompanhar tudo isso para entender a região metropolitana, que tem ocupação há 300 anos, antes de Belo Horizonte nascer.

inMetro_Por que o macrozoneamento é a forma mais indicada para direcionar o que uma região metropolitana deve fazer?
RMM_ O macrozoneamento é um instrumento clássico de planejamento. Qualquer mudança no plano diretor da cidade é usada a ferramenta de zoneamento do solo. O macrozoneamento define o que pode em cada lugar, como vai se ocupar a região e como vai ser usado o solo.

inMetro_Como você disse, o PDDI trabalha com uma lógica de descentralização e compartilhamento de responsabilidade entre as cidades e o Estado. Como será possível chegar a esse ponto de compartilhamento?
RMM_ É nesse ponto que o Macrozoneamento e o PDDI se completam. A proposta é integrar todo o trabalho a um projeto de lei, para que seja apreciado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O Macrozoneamento serve para mapear as áreas e as zonas de interesse metropolitano. Este mapa vai mostrar com clareza os locais onde a pactuação entre as cidades e o Estado será importante. É um trabalho pioneiro no Brasil e que o país já está percebendo que é necessário. O nível metropolitano não existe politicamente, então o arranjo metropolitano de BH é inovador.