Depois de meses de participação popular com entidades da sociedade civil organizada de 34 municípios com debates envolvendo os pesquisadores da UFMG, representantes técnicos e políticos das prefeituras, câmaras municipais, governo do estado, assembleia legislativa e entidades de âmbito metropolitano, o Projeto de Macrozoneamento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (MZ-RMBH) já possui suas principais Zonas de Interesse Metropoliano (ZIM’s) definidas. Após quase 15 meses de trabalho e 3228 participações, a equipe técnica da UFMG está focada em estabelecer as especificidades das ZIMs e produtos complementares como as AIMs, os Lumes e a Trama Verde Azul.
Entre os principais desafios atuais está a consolidação institucional do projeto. Estabelecer os critérios da gestão compartilhada entre os entes do arranjo metropolitano - governos municipais, estadual, sociedade civil e agência metropolitana - e a integração entre todos esses agentes é um processo de governança metropolitana de médio e longo prazo que está só no começo.
Um exemplo de como a harmonia institucional é essencial para fazer com que o projeto funcione fora do papel são as Áreas de Interesse Metropolitano (AIM’s). Diferentemente das ZIM’s, as AIM’s não possuem fronteiras territoriais delimitadas de forma precisa. São regiões em que foram identificadas, ao longo da pesquisa, vocações ou potencialidades de desenvolvimento que são de interesse da metrópole. Então, por não terem esse aspecto tão formal, precisam da colaboração de agentes sociais diferenciados para que venham, de fato, a se transformar nos polos de desenvolvimento ou de preservação permanente, que se almeja no futuro.
Os Lugares de Urbanidade Metropolitana (LUMEs) já se materializam como os primeiros exemplos práticos de integração maior da metrópole em busca de um desenvolvimento descentralizado. Os LUMEs embrionários possuem três componentes: o físico, o virtual e o itinerante.
O projeto piloto dos LUMEs elegeu a dimensão cultural como ponto de partida visando a integração entre os municípios de Ribeirão das Neves, Vespasiano, Contagem, Sabará, Brumadinho, Ibirité, Nova Lima e Mario Campos. Do ponto de vista físico, as cidades de Ribeirão das Neves e Contagem vão oferecer espaços de encontros presenciais e os demais participam da instância virtual e itinerante. Uma primeira tarefa é o mapeamento da identidade cultural dos municípios envolvidos. O objetivo é
entender melhor as características das populações e as vocações de cada região. A partir do ano que vem, a expectativa é ampliar as ações desses LUMEs, além de viabilizar a estruturação de outros.
Os pesquisadores da UFMG estão também com muita atenção para a construção de um entendimento metropolitano à cerca da Trama Verde-Azul, conceito este que foi celebrado entre os participantes como um referencial que permitirá a “naturalização” das cidades e a preservação do verde com usufruto cultural e de lazer. Há uma proposta já desenhada que conecta fundamentalmente as serras e a matriz hídrica da RMBH com os pontos históricos, turísticos e naturais constituindo grandes corredores promotores de mobilidade sustentável e de preservação ambiental. A Trama Verde-Azul só se transformará em realidade com o amadurecimento da cidadania metropolitana, condição para que se tenha uma visão mais sistêmica e articulada da RMBH. Para tanto é um imperativo a organização da região através do fortalecimento da Frente da Cidadania Metropolitana, da FREVEM – frente dos vereadores, da Frente Parlamentar Metropolitana, do Colegiado Metropolitano, dos LUMEs e demais instâncias que sonham com uma metrópole sócio-espacialmente mais justa e melhor para se viver.